24 de setembro de 2009

APLACAR A MINHA SEDE



Meu corpo casado e sedento, parou:
Eu necessito de fôlego
De um lugar seco e seguro
De sombra e água fresca
Para aplacar a minha sede
E recarregar as minhas forças

Debruço-me sobre as límpidas águas
Desta fonte cristalina
E observo a minha imagem:
Cansada imagem;
Crítica imagem;
Decepcionada imagem;
A apenas a minha imagem

Por alguns segundos
Me teletransportei no tempo
E não me reconheci
Eu não consegui encontrar
Nem poeira de quem um dia eu fui
E hoje eu não sou

Antigos sonhos
Antigas ingenuidades
Antigos projetos
Antigos amores
Nada disso restou
Tudo isso ficou lá atrás
Perdido numa gaveta trancada, sem chave
Numa outra dimensão

Quando dei por mim
Olhava o meu reflexo na água
E me peguei, ingenuamente
Querendo fazer uma magia
Doce inocência
Apesar da súbita melancolia
Apenas me resta
Aplacar a minha sede emergencial
E descansar

(Dan, 25/09/2009)

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